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O que se quer ser quando crescer? Mas se quer ser é por que não se é?

Pesquisa revela projetos de vida de estudantes do ensino médio de zona rural mineira

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP, São Paulo, Brasil

A demanda por projetos na vida de um jovem chega no momento em que ele passa por mudanças psíquicas que o levam a procurar respostas a perguntas sobre sua identidade como: “quem sou eu?” Surgem, então, interesses diferentes daqueles do mundo infantil, desejo de liberdade e autonomia que o leva à vontade de “ser alguém quando crescer”, planejar, ter projetos: “o que ser ou fazer no futuro é uma questão que, a partir de um determinado momento, para uns mais cedo, para outros mais tarde, passa a compor o universo de preocupações dos jovens”.

“Projetos de vida” e sua relevância para os debates sobre questões da juventude atual é o tema do artigo de Maria Zenaide Alves e Juarez Tarcisio Dayrell, publicado na revista Educação e Pesquisa, tendo como foco estudantes do ensino médio da única escola do município mineiro de São Geraldo da Piedade. Um projeto de vida não leva em conta apenas a perspectiva profissional, mas outros aspectos humanos “como as escolhas afetivas, os projetos coletivos e as orientações subjetivas da vida individual”, pois “Afinal, a vida não se resume a trabalho”, declaram os autores.

E como podem ser definidos e caracterizados esses projetos de vida? São intenções, objetivos, ideias a serem realizadas no futuro, que se transformam à medida em que se cresce, em que se amadurece, já que, segundo Alves e Dayrell, “os projetos de vida baseiam-se na biografia, na história de vida dos sujeitos”, um processo contínuo de avaliação e reavaliação de intenções, valores e tendências.

Mas, além das particularidades, desejos e vocações, os jovens precisam estar cientes que seus projetos de vida, para serem concretizados, também precisam ser elaborados considerando-se o ambiente em que vivem, condições financeiras, características familiares, nível cultural, enfim, o “campo de possibilidades”, segundo Alves e Dayrell.

Observando os anseios dos jovens da comunidade mineira, os autores nos contam sobre os diferentes tipos de projeto: os “influenciados por modismos, por tendências do mercado”; os que apresentam “excesso de otimismo, mania de grandeza, […] quase uma fuga da realidade”; aqueles em que o estudante conhece o assunto que lhe interessa e tem metas claras sobre seu projeto futuro; e os projetos chamados “recusados”, que é um “não” a realidades que conhecem, ou vivenciam em família, e não querem para si, como as drogas, o trabalho na roça, o trabalho doméstico ou o casamento. Nesse tipo eles podem até não saber ainda o querem ser, mas sabem o que não querem, o que também é muito importante.

A maioria desses estudantes tem um projeto. “O que ser, então, quando crescer?” “Eles dizem que o que desejam é ser alguém na vida. Como assim? Eles não são?” Para esses jovens, “ser alguém na vida significa ter o respeito da sociedade, ser enxergado e reconhecido. Ser ouvido e respeitado. Ser valorizado”, afirmam os autores. Dessa forma, ser alguém na vida vai além de ter uma profissão, e o ensino médio precisa levar em conta esse aspecto humano e oferecer condições para os jovens desenvolverem seus projetos de vida.

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Artigo

ALVES, Maria Zenaide; DAYRELL, Juarez Tarcisio. Ser alguém na vida: um estudo sobre jovens do meio rural e seus projetos de vida. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 41, n. 02, p. 375-390, jul. 2015. ISSN: 1678-4634. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s1517-97022015021851. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/ep/article/view/100437/99042>. Acesso em: 20 jul. 2015.

Contatos

Maria Zenaide Alves – Doutora em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com estágio sanduíche na Columbia University. É professora na Universidade Federal de Goiás, campus de Catalão (UFG) e coordenadora do Núcleo de Extensão e Pesquisa em Educação e Desenvolvimento do Campo (Nepcampo).
E-mail: zenpiaui@yahoo.com.br

Juarez Tarcisio Dayrell – Doutor em educação pela Universidade de São Paulo e pós-doutor pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Atualmente, é professor associado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). É fundador e integrante do Observatório da Juventude da UFMG (www.observatoriodajuventude.ufmg.br).
E-mail: juareztd@gmail.com

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