Quando a ordem da interação é interrompida: um olhar comunicacional para a experiência do autismo

Autores

  • Francisco Gabriel Alves Universidade Federal de Minas Gerais

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1982-677X.rum.2022.200631

Palavras-chave:

Interação comunicativa, Ordem social da interação, Autismo

Resumo

O artigo apresenta uma reflexão teórica sobre a ordem social da interação e sua perspectiva comunicacional, tendo como horizonte de observação a experiência do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para tanto, contextualiza-se a dimensão subjetiva e social na formação do self dos indivíduos, a partir das contribuições de George Mead quanto à dialética entre as esferas do “Eu” e do “Me”. Em seguida, volta-se à proposta conceitual de Erving Goffman para esclarecer como a ordem social das interações pode influenciar a atuação dos indivíduos na cena pública. Por fim, relaciona-se a abordagem goffmaniana com a perspectiva de pessoas autistas, sob o argumento de que esses indivíduos costumam ser lidos como transgressores do ordenamento social e, por isso, recebem penalidades que afetam a convivência em comunidade.

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Biografia do Autor

  • Francisco Gabriel Alves, Universidade Federal de Minas Gerais

    Doutorando em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro do Grupo de Pesquisa em Mídia e Esfera Pública (EME). É bolsista da Capes.

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Publicado

2022-12-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Quando a ordem da interação é interrompida: um olhar comunicacional para a experiência do autismo. RuMoRes, [S. l.], v. 16, n. 32, p. 295–315, 2022. DOI: 10.11606/issn.1982-677X.rum.2022.200631. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/Rumores/article/view/200631.. Acesso em: 26 abr. 2024.