Violência obstétrica e o paradigma do discurso hegemônico na área da saúde

Autores

  • Renato Duro Dias Universidade Federal do Rio Grande. Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio Grande/RS, Brasil
  • Mariana Lannes Lindenmeyer Universidade Federal do Rio Grande. Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio Grande/RS, Brasil https://orcid.org/0000-0002-8036-8205
  • Fabiane Simioni Universidade Federal do Rio Grande. Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio Grande/RS, Brasil
  • Wesley Tomaz Universidade Federal do Rio Grande. Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio Grande/RS, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2021.159259

Palavras-chave:

Violência obstétrica, Mulheres, Teoria do discurso, Hegemonia

Resumo

O presente artigo investigou o processo de naturalização das práticas de violência obstétrica e de constante silenciamento sofrido pelas mulheres. O estudo pretendeu verificar se a hegemonia do discurso dos profissionais de saúde interfere na percepção dos casos de violência obstétrica. A partir da perspectiva histórica sobre o tema, foi possível compreender a origem do debate e sua delimitação enquanto violência sofrida pelas mulheres na assistência ao parto ou ao abortamento. Em um segundo momento, evidenciada a problemática em torno das relações entre profissionais de saúde e pacientes, o estudo tratou da teoria política de Ernesto Laclau e de Chantal Mouffe, matriz teórica de análise dos fenômenos sociais e políticos. No presente caso, esta teoria compôs a análise sobre a formação do discurso hegemônico existente na área da saúde. Demonstrada tal hegemonia discursiva, demonstrou-se ainda a interferência dessa realidade na percepção dos casos de violência obstétrica. Por fim, analisou-se alternativas para a transformação do discurso em hegemonia.

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Biografia do Autor

Renato Duro Dias, Universidade Federal do Rio Grande. Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio Grande/RS, Brasil

Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL); mestrado em Memória Social e  Patrimônio Cultural pela UFPEL; especialização em Direito de Família e Sucessões pela Universidade  Luterana do Brasil (ULBRA); graduação em Direito pela UFPEL. Professor Adjunto na Faculdade de  Direito e no Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio Grande (FURG);  pró-reitor de Graduação da FURG.

Mariana Lannes Lindenmeyer, Universidade Federal do Rio Grande. Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio Grande/RS, Brasil

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Direito e Justiça Social da Universidade Federal de Rio  Grande (FURG); especialização em Direito do Estado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul  (UFRGS) e em Direito Processual Civil pela Escola Superior da Magistratura Federal do Rio Grande do Sul  (ESMAFE); graduação em Direito pela FURG. Advogada.

Fabiane Simioni, Universidade Federal do Rio Grande. Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio Grande/RS, Brasil

Doutorado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); mestrado em Direito pela  Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS); graduação em Ciências Jurídicas e  Sociais pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Professora Adjunta da Universidade Federal  de Rio Grande (FURG).

Wesley Tomaz, Universidade Federal do Rio Grande. Faculdade de Direito. Programa de Pós-Graduação em Direito. Rio Grande/RS, Brasil

Mestrando em Direito e Justiça Social da Universidade Federal do Rio Grande (FURG); graduação em Direito pela FURG

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Publicado

2021-06-23

Como Citar

Dias, R. D. ., Lindenmeyer, M. L., Simioni, F., & Tomaz, W. (2021). Violência obstétrica e o paradigma do discurso hegemônico na área da saúde. Revista De Direito Sanitário, 21, e0011. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9044.rdisan.2021.159259

Edição

Seção

Artigos Originais