O trabalho dos(as) catadores(as): material reciclável não é lixo

Autores

  • Daniele Cordeiro Motta Faculdade de Direito de Itu

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2448-1750.revmae.2023.190294

Palavras-chave:

Trabalho, Material reciclável, Lixo, Catador, Política

Resumo

Este artigo reflete sobre o trabalho feito pelos(as) catadores(as) de materiais recicláveis, partindo da ideia de que é um serviço precarizado e pensando sua origem na sociedade brasileira. Situa ainda algumas características importantes para sua análise, como o olhar para a questão racial e de gênero. O texto se baseia no pressuposto de que é necessária a valorização da categoria, discorrendo sobre a transformação sofrida ao longo das últimas décadas e a importância de desassociar o material reciclável do lixo. Tendo em vista a organização em cooperativas e associações, a relação com o Estado a partir da economia solidária e da organização pelo Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), este artigo reflete sobre como tais mudanças favoreceram a continuidade da precariedade e a instabilidade da categoria, uma vez que boa parte desses(as) trabalhadores(as) ainda depende somente da venda dos materiais para obtenção de sua renda.

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Biografia do Autor

  • Daniele Cordeiro Motta, Faculdade de Direito de Itu

    Professora de Sociologia da Faculdade de Direito de Itu. Doutora em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas.

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Publicado

2023-05-12

Como Citar

MOTTA, Daniele Cordeiro. O trabalho dos(as) catadores(as): material reciclável não é lixo. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, Brasil, n. 40, p. 4–20, 2023. DOI: 10.11606/issn.2448-1750.revmae.2023.190294. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revmae/article/view/190294.. Acesso em: 7 out. 2024.