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Artigo discute as mudanças que a pandemia impôs ao ensino

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP, São Paulo, Brasil

Alunos assistindo às aulas na escola, junto de colegas e professores, com convivência lúdica na hora do intervalo, situação muito comum em dias normais do cotidiano das cidades e países de nosso planeta. De repente, tudo mudou: em relação ao Brasil, foram suspensas as aulas da rede pública de ensino em 23 de março deste ano. Razão: um vírus perigoso se espalhou pelo mundo, e uma pandemia foi anunciada pela Organização Mundial da Saúde.

Mães e pais, alunos, familiares, sociedade, a preocupação unânime foi descobrir qual seria, dali por diante, a situação do estudar e aprender, como seguir nos estudos sem perder o ano escolar, pois o isolamento social foi necessário para assegurar a vida. Tudo mudou, e não foi só na escola. As determinações de saúde não pouparam ninguém: trabalhar em casa, quando possível, sair sempre de máscara nas ruas, lavar bem as mãos e usar e abusar do álcool em gel 70%.

Quem não teve escolha, enfrentou a doença para trabalhar, muitos perderam os empregos, muitos não tiveram o que comer, e essa situação ainda prevalece. O impasse causado pela pandemia é mundial, e as escolhas diante da situação é polêmica: priorizar a saúde, o isolamento, ou garantir a economia? Esperamos que tudo passe logo, mas ainda vamos esperar quanto tempo? Liberam-se serviços, a contaminação volta, vem o lockdown, tudo paralisa. É um abre e fecha constante no mundo todo.

Consequências nas pessoas: medo, depressão, ansiedade. E a educação, questão já tão complexa no Brasil de hoje, como fica? Surgem, para essas questões, a proposta oficial de aulas não presenciais, “formulada pela SEDUC – Secretaria da Educação do Estado de São Paulo com a transmissão dessas aulas via TV Educação (em parceria com a TV Cultura) e a plataforma do CMSP – Centro de Mídias da Educação do Estado de São Paulo”.

Essas iniciativas se concretizaram no início do mês de abril, explica Norinês Bahia, gestora de uma escola pública da rede de ensino do estado de São Paulo, em artigo da revista Cadernos CERU.

Nesse estudo, a pesquisadora discute a situação dos alunos diante das dificuldades de acompanhar aulas a distância, pois isso requer ferramentas/instrumentos como aquisição de smartphones, tablets, microcomputadores que, geralmente, não estão disponíveis para a maioria de alunos do ensino público, pois são produtos caros. E os professores, por sua vez, não foram preparados para lidar com essa situação e as demandas governamentais exigidas pelo ensino a distância. “Estas e tantas outras questões merecem um olhar mais aproximado do “cotidiano escolar à distância”, afirma a autora.

Logo que se confirmou a pandemia, as escolas funcionavam com horários reduzidos, com recomendações de cuidados de saúde para alunos, professores e funcionários. Naquele momento optou-se pela antecipação das férias ao mesmo tempo em que os professores foram convocados para cursos de formação e replanejamento, disponibilizados pelo aplicativo do Centro de Mídias da Educação de São Paulo – CMSP.

O objetivo desse intento foi o de iniciarem-se as aulas não presenciais, visando aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, disponibilizando também o canal TV Educação, em parceria com a TV Cultura, “para a transmissão das aulas do CMSP”. Depois a TV Cultura Educação se juntou ao aplicativo Centro de Mídias, da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, com aulas ao vivo, chat disponível para sanar dúvidas em grupos de alunos e acesso gratuito por celular.

Segundo a autora, essas iniciativas são fatos inéditos na rede pública, mas, por outro lado, salienta a dificuldade dos alunos ao acesso desse conteúdo importante para dar seguimento aos estudos, pois “de 3,7 milhões de alunos, somente 1,5 milhão não consegue acessar as aulas”.

Grande parte dos alunos não consegue participar desse “novo cenário e/ou contexto, de um cotidiano escolar à distância”, gerando uma situação de desigualdade “para quem já é desigual socialmente, ainda mais em meio a uma pandemia”. O excesso de trabalho, aliado às preocupações de saúde geram estresse nos professores e, nos alunos, não são poucos os que se frustram por não poder terem acesso aos instrumentos de aprendizagem, além da solidão e a tristeza causados pelo isolamento social e até familiar.

Por sua vez, os professores enfrentam as contradições das orientações oficiais da Secretaria, com o acúmulo de “demandas burocráticas” sobre questões relacionadas à gestão escolar. Apesar da gravidade da crise, os alunos, nas palavras da autora, “terão garantido um período de recuperação de estudos”.

Na escola a distância os desafios são muitos, mas os professores estão se empenhando para em  ”promover um  processo de ensino-aprendizagem que, de alguma forma, minimize algumas perdas”, mas cientes que não só os alunos, mas muitos professores consideram que as “’aulas não presenciais’” não substituem as aulas presenciais”.

Considera-se, no momento, a implantação de um possível ensino híbrido nas escolas públicas estaduais, tendo em vista a instituição do Programa do Centro de Mídias da Educação de SP, que será posto em prática dependendo de como se apresentarão os resultados e as consequências, futuramente, do atual modelo de ensino não presencial. 

Artigo

BAHIA, N. P. Pandemia!!! E agora? Reflexões sobre o cotidiano escolar a distância. Cadernos CERU, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 116-125, 2020. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/ceru/article/view/174489. Acesso em: 13 out. 2020.

Contato

Norinês P. Bahia – Especialista em Educação na área de Formação de Professores na antiga Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógica – CENP e na Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE, também é professora e coordenadora de cursos de Pedagogia e professora pesquisadora de um programa de Pós-Graduação em Educação na Universidade Metodista.

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