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Mídias eletrônicas atuais exercem um papel de registro e de armazenamento de informações verdadeiras e confiáveis?

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP, São Paulo, Brasil

O dicionário Michaelis define a palavra memória como a “faculdade de lembrar e conservar ideias, imagens, impressões, conhecimentos e experiências adquiridos no passado e habilidade de acessar essas informações na mente“. A história, por exemplo, só sobrevive com os registros dos fatos, das memórias de uma época, de uma civilização, de um povo e seus costumes. Para o ser humano, a memória é o elo com seu passado, com a sociedade, com o mundo. Pergaminhos, escrituras,  documentos, literatura de todos os gêneros, de uma forma ou de outra, atestam costumes, fatos e culturas as mais vastas e diferentes. Hoje, com a tecnologia, surge um meio, um espaço de memória inusitado: o ciberespaço.

“O ‘ciberespaço’ é o ambiente criado de forma virtual através do uso dos meios de comunicação modernos destacando-se, entre eles, a internet”. O artigo da revista MATRIZes traça uma pesquisa sobre o que representam as media digitais para a memória, e como a internet exerce, hoje, um papel de resgistro, de armazenamento de informações, com um lado positivo e um lado negativo, no sentido de as media digitais nem sempre abrigarem o histórico dessas informações, já que são marcadas pela fugacidade do digital e pelo imediatismo desses veículos eletrônicos, com o consequente “encurtamento”das memórias armazenadas, segundo o autor, provocado pela “poluição” da internet, facebook, youtube, como exemplo. O estudo também põe em pauta as principais pesquisas sobre a questão da memória em seus vários aspectos.

Qual é o papel da memória nas sociedades contemporâneas, tanto a individual quanto a coletiva, e quais seus envolvimentos na contribuição de sua garantia nas sociedades? O autor, a respeito dessas indagações, busca observar a expansão dessa memória pelos meios digitais, processo acelerado pelos avanços tecnológicos. Nesse contexto, pensando no conceito tradicional de cultura, esta se constitui como o conjunto de costumes tais como “comida, as vestes, as danças, os ritos religiosos […] a poligamia, a maneira de sentir, de agir, de crer e de pensar, legada de uma geração para outra geração“. Remetendo-se ao conceito de ciberespaço, pode-se inserir o termo “cibercultura”, que nasce da sociedade e da cultura integradas como o espaço virtual – o das redes e o das mídias eletrônicas.

O artigo cita os estudos sobre a memória, levando-se em conta os fatos históricos, políticos e sociais registrados e documentados de várias maneiras, tendo como referência a II  Guerra a Mundial e o Holocausto, calamidades que prescindiram das mídias eletrônicas, mas contaram com registros orais, escritos e filmados, os quais remeteram a esses acontecimentos da história que geraram mudanças importantes em âmbito mundial. Quando se discute as implicações políticas e sociais dos media sobre a memória, observa-se que a memória, dos indivíduos e das sociedades, é influenciada não só pelas mudanças políticas e socioculturais, mas também pelas tecnológicas – o “lembrar” e o “esquecer” no cenário das novas tecnologias. “Em tempos de intensa mediatização, aparece o problema da potencial desfragmentação da memória perante um espaço virtual aberto e infinito”.

O autor finaliza apontando três critérios de reflexão a respeito do “lugar da  memória nos media (logo, na sociedade em geral)“: o cuidado e o discernimento para checagem da veracidade das informações do universo digital; o cuidado para não formarmos apenas memórias de curta duração, já que, no ciberespaço, “a sensação […] , é que existe apenas o agora e que o presente  recupera o passado“. Visto esse fato, é imperativo que as sociedades divulguem, nos meios digitais, somente o que abarque o processo de realização e elaboração “de uma memória coletiva, longa, histórica e paradigmática“. A terceira proposta de reflexão ressalta o caráter polifacetado da memória que deve refletir história, coletiva e partilhada em práticas sociais e técnicas das sociedades imersas no ciberespaço, sendo a internet uma espécie de memória ancestral da atualidade.

Artigo

MATEUS, S. Mediatização da Memória. MATRIZes, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 137-149, 2022. ISSN: 1982-8160. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.1982-8160.v16i2p137-149. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/matrizes/article/view/192103. Acesso em: 28 set. 2022.

Contato

Samuel Mateus – Doutor em Ciências da Comunicação e professor na  Universidade da Madeira, Funchal – Portugal.

 samuelmateus@uma.pt

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