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Pesquisa mostra a importância da autoestima e da superação em  vítimas de estresse precoce e maus-tratos na infância

Release de Margareth Artur para o Portal de Revistas da USP

Não tem como evitar: estamos expostos e vulneráveis aos mais variados revezes ao longo da vida – perda de pessoas queridas, dificuldades financeiras, demissões no trabalho, acidentes, doenças, separação conjugal. O ser humano “precisa aprender continuamente a adaptar-se às diferentes realidades moldadas por essas adversidades“. É possível superar as adversidades, saber lidar com as feridas para que cicatrizem, encarar de frente os problemas. Essa atitude se chama resiliência, “um processo interativo e subjetivo que ocorre em alguns indivíduos os quais têm uma evolução relativamente boa, mesmo vivenciando fortes estresses ou adversidades“. Quem é resiliente sofre menos estresse e desenvolve-se mais como indivíduo e cidadão.

Esse estudo tem como objetivo caracterizar a resiliência em crianças e adolescentes que sofreram abusos na infância a partir de revisão da literatura científica, realizada em importantes bases de dados. A pesquisa mostrou que os abusos na infância provocam depressão e ansiedade, confirmando que o desenvolvimento da resiliência em crianças e adolescentes vítimas de abuso pode atuar como fator protetor para esses indivíduos. Principalmente nos dias de hoje, a pressa, a ansiedade, as exigências sociais são fatores que, combinados a outros, desencadeiam estresse, doença, alterações psíquicas e emocionais, que podem gerar situações graves e fazer com que ocorram atitudes extremas diante dos problemas da vida.

O foco do artigo da revista SMAD é o estresse precoce infantil, os maus-tratos, os traumas por agressões, o uso de drogas, violências de todo tipo que podem gerar alterações físicas, mentais e emocionais em crianças menores de 18 anos. “Nesse contexto, percebe-se que enfrentar infortúnios da infância pode causar marcas profundas no indivíduo por tempo indeterminado“. Respostas positivas geram capacidades, configurando nos sujeitos um maior nível de resiliência diante dos eventos causadores de estresse. Nesse sentido, o objetivo do presente estudo é caracterizar a resiliência em crianças e adolescentes que sofreram abusos na infância, a partir de revisão da literatura científica. Eis a questão norteadora da pesquisa: como ocorre o desenvolvimento da resiliência em crianças e adolescentes que sofreram abusos na infância?

Quanto ao abuso em instituições, verificou-se, também, que o bullying na adolescência está associado a níveis maiores de sintomas depressivos e comportamento de delinquência. De acordo com as autoras, “a exposição e a violência no âmbito familiar e na comunidade pode ser um fator de risco para o desenvolvimento do estresse pós-traumático em crianças e adolescentes. Filhos de mães com elevada exposição às drogas tiveram maior probabilidade de desenvolver agressividade e problemas de comportamento durante a vida, predominando nos menino“. Um outro artigo incluído nessa categoria mostrou que indivíduos com características agressivas têm tendência maior a desenvolver abuso e dependência às drogas. Observou-se que altos níveis de resiliência e de autoestima defendem os adolescentes de problemas comportamentais, mesmo que eles estejam vivenciando maus-tratos psicológicos – função importante quando se atua no acolhimento do bem-estar de adolescentes que enfrentam adversidades.

Detectar os  estressores na infância e na adolescência é essencial para prevenção e promoção em saúde, aumentando “as possibilidades para o desenvolvimento de resiliência nesses indivíduos“. Aí entra o papel essencial de levar-se em conta essa questão nos cursos de todos os profissionais ligados à saúde, além de retaguarda social e familiar para que a criança ou adolescente tenha todos os seus direitos assegurados, “para se garantir o direito à saúde em todos os níveis […], tendo seus direitos garantidos“. As autoras, finalizando, apontam a necessidade de estudos científicos de intervenção que ofereçam respaldo para o desenvolvimento de resiliência a fim de melhorar a “assistência a crianças e adolescentes que vivenciam situações de estresse precoce“.

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Artigo

Camargo, I., Fernandes, M. N., Yakuwa, M., Carvalho, A. M., Santos, P., Gherardi-Donato, E., & Mello, D. Resiliência em crianças e adolescentes vítimas de estresse precoce e maus-tratos na infância. SMAD Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (Edição Em Português), v. 13, n. 3, p. 156-166, 2018. ISSN: 1806-6976. DOI:  https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.v13i3p156-166. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/smad/article/view/149385.  Acesso em: 12 dez. 2018.

Contatos

Isabela Masucci de Lima Camargo – Mestranda na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Maria Neyrian de Fátima Fernandes – Doutoranda na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, professora adjunta I de Enfermagem na UFMA, e mestre em Enfermagem na UFRN. neyrianfernandes@gmail.com.

Marina Sayuri Yakuwa – Doutoranda na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Ana Maria Pimenta Carvalho – PhD, professora associada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Patricia Leila dos Santos – PhD, professora doutora na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Edilaine Cristina Silva Gherardi-Donato – PhD, professora associada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Débora Falleiros de Mello – PhD, professora associada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

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