Estudo sobre as alterações da função sexual em mulheres com lesão medular resistentes na cidade de Ribeirão Preto/SP

Autores

  • Paula Canova Sodré Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem
  • Ana Cristina Mancussi e Faro Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-0190.v15i3a102938

Palavras-chave:

Traumatismos da Medula Espinal, Mulheres, Sexualidade, Reabilitação

Resumo

É sabido que qualquer pessoa que sofreu algum dano na medula, além de comprometimento da sensibilidade, locomoção, funções intestinais e urinárias, independente da região lesionada, também acomete a função sexual. Cada pessoa reage de maneira diferente por mais semelhante que seja a lesão. O presente estudo exploratório, descritivo, transversal, aplicado de campo, de natureza quantitativa, foi realizado em três hospitais e duas clínicas de fisioterapia na cidade de Ribeirão Preto, SP, com a finalidade de conhecer as mulheres com lesão medular atendidas no período compreendido entre 1º de janeiro de 2000 a 31 de julho de 2004. A população foi composta por 81 mulheres. Deste total, foram excluídas 30 que não atenderam os critérios de inclusão, 12 delas com diagnósticos não relacionados à lesão medular, 11 não localizadas, seis que faleceram e uma que se recusou a participar da pesquisa. A faixa etária que predominou a lesão medular é dos 18 aos 37 anos (38%). Após a lesão, 27% permaneceram solteiras, 28% com seus companheiros, escolaridade nível de ensino fundamental (49%), analfabetismo (9%). Apresentaram etiologia traumática (100%), nível lombar (53%), seguido do cervical (27%), torácica (16%) e sacral (4%,). Das causas externas constatamos acidente automobilístico (29%), 12% de queda, em terceiro encontra-se o ferimento por arma de fogo (FAF), levantamento de peso, atropelamento e acidente de motocicleta 8% cada, mergulho em águas rasas e espancamento, com 2% cada, ferimento por arma branca (FAB), práticas de atividades esportivas e queda de objeto sobre a cabeça, práticas de esportes radicais, queda da própria altura somaram 16% das mulheres, e dentre estas mulheres 94% são idosas. Quanto à escala CSFQ, 90% da amostra apresenta disfunção sexual em relação à variável prazer, disfunção do orgasmo (90%) disfunção do desejo/freqüência (76%) e 72% disfunção do interesse sexual, excitação 92%. Neste estudo podemos confirmar que a paciente com lesão medular, apresenta complexidade e peculiaridades específicas. E que a escassez de estudos sobre sexualidade especificamente feminina da portadora de lesão medular, não oferece um cuidar específico que permeie as diferentes dimensões sociais, psicológicas e físicas, não assegurando um cuidado holístico e a continuidade deste cuidar em domicílio estabelecendo um processo de reabilitação sem qualidade.

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Publicado

2008-09-09

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Sodré PC, Faro ACM e. Estudo sobre as alterações da função sexual em mulheres com lesão medular resistentes na cidade de Ribeirão Preto/SP. Acta Fisiátr. [Internet]. 9º de setembro de 2008 [citado 6º de maio de 2024];15(3):149-55. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/102938