Prevalência da síndrome do Túnel do Carpo em usuários de cadeira de rodas devido à lesão medular

Autores

  • Lucas Martins de Exel Nunes Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Verônica Magalhães Raimundo Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Quirino Cordeiro Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
  • Karen Fraga Moreira Guerrini Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Arquimedes de Moura Ramos Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Tae Mo Chung Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Marcelo Riberto Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto https://orcid.org/0000-0001-9549-8830

DOI:

https://doi.org/10.5935/0104-7795.20110005

Palavras-chave:

Cadeiras de Rodas, Neurofisiologia, Síndrome do Túnel Carpal, Traumatismos da Medula Espinal

Resumo

A lesão medular acarreta inúmeras limitações funcionais diretamente relacionadas à perda das funções nervosas. Todavia, a mecânica associada ao uso de cadeiras de rodas impõe uma sobrecarga aos membros superiores que parece estar associada ao aparecimento de lesões secundárias em estruturas tendíneas e nervosas. Objetivo: Avaliar o surgimento de sinais eletromiográficos de comprometimento do nervo mediano na altura do túnel do carpo em indivíduos usuários de cadeiras de rodas devido à lesão medular. Método: Seguindo um desenho transversal, todos os indivíduos com lesão medular sob programa de reabilitação no Instituto de Medicina Física e Reabilitação do HC-FMUSP no ano 2010 foram submetidos a estudo de condução nervosa e eletromiografia. Esses achados foram correlacionados com variáveis biodemográficas e clínicas, bem como características do uso de cadeiras de rodas. Resultados: Foram avaliados 28 indivíduos, com média de idade de 41,4 anos (60,7% homens). A maioria dos pacientes tocava a cadeira de rodas por um tempo inferior a quatro horas e percorria uma distância tocando a cadeira de rodas inferior a 500 metros por dia. A ausência de sintomas dolorosos ocorreu em 67,9%, enquanto apenas 7,1% apresentavam o teste de Phalen e/ou Tinel positivos. Metade da amostra apresentava o diagnóstico neurofisiológico de síndrome do túnel do carpo (STC), que apresentou associação estatisticamente significante com a idade (p = 0,024), mas não com tempo e distância percorrida tocando a cadeira de rodas diariamente, uso de proteção ou adaptação na cadeira de rodas, sintomatologia dolorosa em membros superiores ou presença de sinais positivos para STC ao exame físico. Conclusão: Os sinais eletromiográficos de STC são muito prevalentes nesses indivíduos, o que sugere maiores situações de risco para a integridade dos membros superiores e exige o desenvolvimento de estratégias biomecanicamente mais eficazes para a prevenção.

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Publicado

2011-12-09

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Nunes LM de E, Raimundo VM, Cordeiro Q, Guerrini KFM, Ramos A de M, Chung TM, et al. Prevalência da síndrome do Túnel do Carpo em usuários de cadeira de rodas devido à lesão medular. Acta Fisiátr. [Internet]. 9º de dezembro de 2011 [citado 27º de abril de 2024];18(4):192-5. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/103664