Efeitos da imersão nos parâmetros ventilatórios de pacientes com distrofia muscular de Duchenne

Autores

  • Camila de Almeida Instituto de Reabilitação Lucy Montoro
  • Raphael Augusto Fernandes de Oliveira Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
  • Daiane Spalvieri Universidade Nove de Julho - UNINOVE
  • Douglas Braga Associação de Assistência a Criança Deficiente - AACD
  • Maria Misao Associação de Assistência a Criança Deficiente - AACD

DOI:

https://doi.org/10.5935/0104-7795.20120005

Palavras-chave:

Distrofia Muscular de Duchenne, Hidroterapia, Imersão, Ventilação Pulmonar

Resumo

Em muitos centros de reabilitação, a fisioterapia aquática é utilizada para o tratamento de pacientes com distrofia muscular de Duchenne (DMD). Entretanto, são escassas as evidências científicas sobre os efeitos da imersão nos parâmetros ventilatórios desses pacientes. Objetivo: Avaliar os efeitos da imersão no nível da sétima vértebra cervical (C7) com relação aos parâmetros ventilatórios de pacientes com DMD. Método: Participaram do estudo quinze meninos com diagnóstico de DMD e média de idade de 12 anos. Coletados dados gerais e história clínica, os pacientes foram avaliados em solo e em imersão sob seguintes parâmetros: Saturação parcial de oxigênio (SpO2), frequência cardíaca (FC), pressões inspiratórias (PI Máx.) e expiratórias (PE Máx.) máximas, Volume Minuto (VM), Frequência Respiratória (FR), Volume Corrente (VC), Capacidade Vital Forçada (CVF) e Pico de Fluxo Expiratório (PFE). A SpO2 sofreu uma redução após a avaliação no meio líquido quando comparada aos valores anteriores à avaliação no mesmo meio (p = 0,01). Resultados: A FR foi maior em meio líquido que em solo (p = 0,02). As PI Máx. e as PE Máx. não se modificaram em meio líquido. Dentre os volumes analisados, a CVF e o PFE apresentaram valores menores em meio líquido quando comparada aos valores mensurados em solo (p = 0,004). VM e VC não sofreram alteração. Ao se relacionar os valores de CVF em solo e em meio líquido, assim como, os valores de PFE, observa-se que há correlação positiva entre os dados coletados em solo e em meio líquido (CVF: r = 0,692, p = 0,006; PFE: r = 0,913, p = 0,0001). A imersão no nível de C7 foi capaz de reduzir a CVF e o PFE de pacientes com DMD, bem como provocar aumento da FR dos mesmos. Conclusão: Com os dados de correlação entre valores em solo e em meio líquido da CVF e do PFE, há possibilidade de se sugerir um valor para estas variáveis em meio líquido a partir de valores mensurados em solo. Estes dados podem fornecer um melhor embasamento para avaliar a indicação de atividades em meio líquido para pacientes com DMD, em diferentes estágios de evolução da doença.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Silva JDM, Costa KS, Cruz MC. Distrofia muscular de Duchenne: um enfoque cinesioterapêutico. Lato & Sensu. 2003;4(1):3-5.

Finder JD, Birnkrant D, Carl J, Farber HJ, Gozal D, Iannaccone ST, et al. Respiratory care of the patient with Duchenne muscular dystrophy: ATS consensus statement. Am J Respir Crit Care Med. 2004;170(4):456-65.

Slutzky, LC. Fisioterapia respiratória nas doenças neuromusculares. Rio de Janeiro: Revinter; 1997.

Inkley SR, Oldenburg FC, Vignos PJ Jr. Pulmonary function in Duchenne muscular dystrophy related to stage of disease. Am J Med. 1974;56(3):297-306.

McDonald CM, Abresch RT, Carter GT, Fowler WM Jr, Johnson ER, Kilmer DD,et al. Profiles of neuromuscular diseases. Duchenne muscular dystrophy. Am J Phys Med Rehabil. 1995;74(5 Suppl):S70-92.

Hapke EJ, Meek JC, Jacobs J. Pulmonary function in progressive muscular dystrophy. Chest. 1972;61(1):41-7.

Rideau Y, Jankowski LW, Grellet J. Respiratory function in the muscular dystrophies. Muscle Nerve. 1981;4(2):155-64.

Eäckman E, Nylander E. The heart in Duchenne muscular dystrophy: a non-invasive longitudinal study. Eur Heart J. 1992;13(9):1239-44.

Adams MA, Chandler LS. Effects of physical therapy program on vital capacity of patients with muscular dystrophy. Phys Ther. 1974;54(5):494-6.

Barbé F, Quera-Salva MA, McCann C, Gajdos P, Raphael JC, Lattre J, et al. Sleep-related respiratory disturbances in patients with Duchenne muscular dystrophy. Eur Respir J. 1994;7(8):1403-8.

Griggs RC, Donohoe KM, Utell MJ, Goldblatt D, Moxley RT 3rd. Evaluation of pulmonary function in neuromuscular disease. Arch Neurol. 1981;38(1):9-12.

Hahn A, Bach JR, Delaubier A, Renardel-Irani A, Guillou C, Rideau Y. Clinical implications of maximal respiratory pressure determinations for individuals with Duchenne muscular dystrophy. Arch Phys Med Rehabil. 1997;78(1):1-6.

Cole AJ, Becker BE. Comprehensive aquatic therapy. Philadelphia: Elsevier; 2004.

Taylor NA, Morrison JB. Lung volume changes in response to altered breathing gas pressure during upright immersion. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1991;62(2):122-9.

Taylor NA, Morrison JB. Static and dynamic pulmonary compliance during upright immersion. Acta Physiol Scand. 1993;149(4):413-7.

Taylor NA, Morrison JB. Static respiratory muscle work during immersion with positive and negative respiratory loading. J Appl Physiol. 1999;87(4):1397-403.

Choukroun ML, Kays C, Varène P. Effects of water temperature on pulmonary volumes in immersed human subjects. Respir Physiol. 1989;75(3):255-65.

Arborelius M Jr, Ballidin UI, Lilja B, Lundgren CE. Hemodynamic changes in man during immersion with the head above water. Aerosp Med. 1972;43(6):592-8.

Hall J, Bisson D, O'Hare P. The physiology of immersion. Physiology. 1990;76:517-21.

Bach JR, Gonçalves MR. Noninvasive ventilation or paradigm paralysis? Eur Respir J. 2004;23(4):651.

Agostoni E, Gurtner G, Torri G, Rahn H. Respiratory mechanics during submersion and negativepressure breathing. J Appl Physiol. 1966;21(1):251-8.

Hong SK, Cerretelli P, Cruz JC, Rahn H. Mechanics of respiration during submersion in water. J Appl Physiol. 1969;27(4):535-8.

Hong SK, Ting EY, Rahn H. Lung volumes at different depths of submersion. J Appl Physiol. 1960;15:550-3.

Craig AB Jr, Ware DE. Effect of immersion in water on vital capacity and residual volume of the lungs. J Appl Physiol. 1967;23(4):423-5.

Carey CR, Schaefer KE, Alvis HJ. Effect of skin diving on lung volumes. J Appl Physiol. 1956;8(5):519-23.

Publicado

2012-03-09

Edição

Seção

Artigo Original

Como Citar

1.
Almeida C de, Oliveira RAF de, Spalvieri D, Braga D, Misao M. Efeitos da imersão nos parâmetros ventilatórios de pacientes com distrofia muscular de Duchenne. Acta Fisiátr. [Internet]. 9º de março de 2012 [citado 1º de maio de 2024];19(1):21-5. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/actafisiatrica/article/view/103676